Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".* [parte 1]

Sobre a cama me fazia companhia apenas uma xícara com café, e uma vontade imensa de soltar palavras. Era madrugada, e o frio fazia meu corpo tremer. Na memória passava uma fita com lembranças quase esquecidas. 

Comecei a escrever, antes do dia clarear, e os fragmentos sumirem:

  
Fragmento 1:

Desculpa tanta ingratidão, tantos sentimentos guardados e ignorados. Guarda o teu amor só pra você ouvir, no momento meu coração não armazena tanto sentimento assim. Ele é tão pequeno, aos pés do seu. Guarda o teu amor a sete chaves, e sai por ai espalhando pistas para eu encontra-las, nos toparemos em outras vidas. Meu coração vai estar maior. Desculpa não poder te amar, não assim.

Fragmento 2: 

Sonhei um sonho repetido outro dia, acho isso tão engraçado, sonhar um sonho repetido... Não, não tentarei descreve-lo, não conseguiria. O sonho me fez lembrar você, apesar de não te ver totalmente nele, mas meu coração palpitou seu nome. Seu rosto. De todas as lembranças você é a que mais dói. De todas as palavras que ficaram entre corações as suas eram as que mais me abalavam. Andei sentindo falta delas. E o sonho me lembrou que também andei sentindo sua falta.

Fragmento 3: 

Daqui te aprecio como uma forma de encanto, daquelas que belisca o coração e sai correndo por medo de se cativar demais. Daqui te aprecio como uma possibilidade futura, daquelas que lapidamos e lapidamos até que a forma chegue a perfeição, para logo em seguida nós usufruirmos com mais gosto. Daqui escuto seu silêncio gritando por nós. Daqui escuto meu coração dizendo baixinho: 'Não precisa correr tanto, o que é seu às mãos lhe há de vir'. E espero.

*Título: cf.