28 novembro, 2014

parte um, de uma pessoa que está se partindo.


Dizem que envelheci, dizem que estou mais velha que o senhor que montou a primeira padaria do meu bairro - lembro que quando eu era criança ele me presenteava com balinhas de hortelã. Um bom senhor. Já eu, uma má senhora. Acho que estou partindo, acho que por dentro ando apodrecendo, por fora também, pelos lados, pelas beradas. Ando me despedaçando pouco a pouco, me partindo em minúsculos pedaços de restos de mim. Podíamos ser presenteados com um botão de "recomeço" - apertamos e pronto, mais uma oportunidade de vida. A vida podia ter mais oportunidades para viver. As pisas que ganhei dela deixaram cicatrizes, levarei elas comigo para todo o sempre - em outras vidas, ou sei lá o quê... lembro que eu sempre refletia antes de dormir, eu sou mais forte que você querida, pode bater, mas deixe só eu levantar", - acho que ali ela sentia pena e me dava uma pausa, pelo menos na hora do sono. Mas dela sou grata. Tenho que partir pra me (re)fazer. Tenho que partir antes que seja tarde demais, antes que a vida me parta em migalhas, antes que não sobre mais nada. Viver devia ser para sempre.


palavras de uma jovem qualquer, que está partindo.
só não sabe pra onde. 
S.

Um comentário:

  1. São tantas as vezes em que nos sentimos assim, néam? O negócio é não deixar essa 'coisa' nos ocupar por inteiro, nem ocupar demais nossa atenção.
    E não, a vida não tem o botão de recomeçar do zero, mas em algum lugar em nós tem o botão de começar da onde paramos, o que tem efeito quaaase igual.
    Essa personagem precisa falar com uma certa pessoa que ela sabe quem é, entende?

    Beijoo'o
    Hey, te indiquei pra responder uma tag, se kiser, pega lá no blog ;)

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'E que depois de me ler você consiga tudo aquilo que ainda sonho' Sam Sousa